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Você pode ser pego no DOPING e não sabe!

Qual a primeira coisa que vem na sua cabeça quando ouve a palavra “doping”? Esteróides anabolizantes ou drogas ilícitas? De fato, essas drogas são consideradas doping no esporte. Mas a lista não para por aí! Acredite o “doping” está mais perto de você do que imagina! Se neste exato momento você passasse a ser um atleta olímpico, rumo à Tóquio 2020...  Há uma grande chance de seu exame apontar positivo para substâncias consideradas doping! Como assim?! Calma, calma, eu lhe explico...

Doping” ou dopagem é o termo utilizado para definir o uso de substâncias e métodos lícitos ou ilícitos que melhoram o desempenho mental e físico do atleta colocando-o em vantagem sobre os demais. O doping é dividido em duas grandes categorias: as substâncias e os métodos.  As substâncias são divididas em subcategorias de acordo com os seus efeitos, por exemplo: substâncias que promovem o aumento da força e da massa muscular, diuréticos, estimulantes, canabinóides, narcóticos e os anti-inflamatórios potentes como os glicocorticóides. Os métodos são categorizados em manipulação do sangue e seus componentes, doping genético e celular, e até adulterações nas amostras coletadas. Em conjunto esses elementos compõem a lista proibida1 da WADA (do inglês, World Anti-Doping Agency ).

Brasil ainda não tem agência de vigilância contra doping | EXAME FONTE: (/Thinkstock)

Mas quem define o que é permitido no esporte?

A Agência Mundial Antidopagem (WADA²) foi fundada em 1999, e é o órgão responsável pela lista proibida e pelo código mundial anti-doping. Anualmente a WADA emite a lista proibida vigente e alguns elementos são incluídos ou excluídos, harmonizando assim as políticas anti-doping entre todos os esportes e países. Para que uma substância ou método seja adicionado à lista proibida, é necessário determinar se ela atende a pelo menos dois dos três critérios a seguir:

1- Tem o potencial de melhorar ou aprimorar o desempenho esportivo

2- Representa um risco real ou potencial para a saúde dos atletas

3- Viola o espírito esportivo

Wada precisa ser muito rigorosa com a Rússia | Laguna OlímpicoFONTE: (WADA, 2020)

Algumas substâncias são proibidas tanto durante quanto fora das competições. Na verdade, a maior parte delas está nessa categoria, como os esteróides anabolizantes, eritropoetina (substância que regula a produção de glóbulos vermelhos do sangue) e medicamentos comumente utilizados por todos nós, como por exemplo,  o Salbutamol (Aerolin®) que é indicado para o tratamento, controle e prevenção de crises asmáticas e/ou bronquite crônica, a furosemida (Lasix®) um agente diurético utilizado no tratamento da hipertensão arterial, inchaços relacionados a problemas cardíacos e renais. 

Outras substâncias, como os estimulantes, são proibidas apenas durante as competições, por exemplo: o metilfenidato (Ritalina®) indicado para o tratamento do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), a sibutramina (Reductil®) utilizada para o aumento da saciedade e tratamento da obesidade e a seleginina (Jumexil®) indicada para o tratamento da Doença de Parkinson. Nesta categoria também estão os narcóticos como a morfina e a heroína, glicocorticóides como a prednisolona (Prelone®) utilizados no tratamento de doenças inflamatórias e os canabinóides, com exceção do canabidiol. E por fim, em alguns esportes específicos como o automobilismo, tiro com arco, tiro esportivo e esportes subaquáticos também são proibidos em competição como o propanolol (Amprax®), utilizado no tratamento de problemas cardíacos, enxaqueca e ansiedade.

Vale ressaltar que para o tratamento de doenças com comprovação médica3, as substâncias proibidas podem ser utilizadas pelos atletas em quantidades compatíveis para o tratamento.

E aí, agora que você conhece um pouco mais sobre o doping, será que você atestaria positivo?

Bons estudos e até a próxima!

*Esse texto foi escrito por Jaqueline Maisa Franzen, doutoranda no Programa de Farmacologia da Universidade Federal de Santa Catarina, farmacêutica e atleta, Jaque joga Handebol atualmente pela equipe de Criciúma-SC. Além disso, ela também mantém uma página no Instagram (@metaboliza) em que fala um pouco mais sobre a ciência por trás do esporte, abordando temas como alimentação, suplementação e tipos de treino. 

Referências para quem quer ler mais sobre o assunto

https://www.wada-ama.org/sites/default/files/wada_2020_english_prohibited_list_0.pdf

2 https://www.wada-ama.org/

https://www.wada-ama.org/en/what-we-do/science-medical/therapeutic-use-exemptions