Astrobiologia de Boteco: Vida Além do Copo (e da Terra)

A Astrobiologia busca compreender a origem e a dinâmica da vida na Terra em busca de elementos para o seu rastreamento no Universo. Várias hipóteses para explicar a vida nesse contexto já foram elaboradas, mas somente agora a tecnologia tem permitido colocar várias delas em teste. Elementos químicos essenciais à vida, C, N, O e H são abundantes no Universo e geram compostos biologicamente importantes. Como eles se combinaram ao ponto de originar células e organismos complexos é um enigma sobre o qual a experimentação científica busca desvendar. O Sistema Solar, com 4,5 bilhões de anos, surge num Universo de quase 10 bilhões de anos. Assim, células simples como micro-organismos podem ter tido tempo para se formar em regiões propícias do Universo viajado entre planetas, inseminando unidades de vida que poderiam ter se tornado mais complexa em planetas habitáveis como o nosso (Panspermia). Micro-organismos ultra-resistentes provenientes de ambientes extremos da Terra, os extremofílicos, tem sido expostos a fontes simulando radiação estelar (os aceleradores sincrotron), capazes de emitir em algumas horas a radiação equivalente a milhões de anos. Uma linha de pesquisa em Astrobiologia vem sendo realizada na UFRJ, em colaboração com a USP, para testar se a vida microbiana encontrada na Terra poderia resistir às condições inóspitas do meio extraterrestre e, portanto, sofrer transferência entre Marte e Terra e vice-versa. Os resultados obtidos nesses experimentos revelam a interessante possibilidade da existência de vida microbiana fora da Terra.

Em missões espaciais visando a exploração e colonização de outros planetas, o cultivo de vegetais em solo local fornece alimentos frescos e com menor custo, reduzindo os custos de transporte de um grande volume de alimentos. Para esse propósito, é necessário entender os desafios de cultivar num solo diferente do terrestre, com uma composição mineral conhecida por missões de reconhecimento, e desprovido de micro-organismos que são necessários para o crescimento. Assim, os experimentos realizados visam identificar os limitantes e sugerir soluções, para um futuro cada vez mais próximo em que seja possível colonizar esses corpos celestes.